segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

AONDE FOMOS 22.12.08

Esculturas fecham ano APS
Ano findo, missão cumprida. Assim se sente o APS ao encerrar 2008 com mais um passeio cultural. As 12 esculturas de escritores, expostas no centro da cidade, fecharam o ciclo com 70 participantes e 22km percorridos sem problemas. Na verdade, o grupo deixou de ver a estátua de Manuel Bandeira, última prevista, porque parte da Rua da Aurora, onde o monumento se localiza, estava fechada para competição. Foram 11, portanto.
Foi um dia cheio para o APS. Tudo começou com o sorteio da bicicleta, ainda no Parque da Jaqueira. Melânio foi o sortudo da vez, levando uma Zumi 18 marchas. A foto, fez questão de tirar com o filho, companheiro de tantas pedaladas. Ainda sorridente, Melânio participou do roteiro de esculturas que começou com a ucraniana Clarice Lispector. De texto profundo, tão misterioso quanto a própria autora, Clarice era também jornalista e se dizia mais intuitiva que inteligente. Foto abaixo, ao lado da foto de João Cabral de Melo Neto.














Autor de "Morte e Vida Severina", João Cabral é considerado um dos poetas mais inteligentes. "Morte e Vida..." conta a história do retirante Severino que sai do sertão em busca de uma vida digna no litoral. Levada ao teatro e à telinha, a obra tem músicas de Chico Buarque. Cão sem Plumas é um de seus melhores poemas, inspirado no Capibaribe.

O grandalhão Ascenso Ferreira, modernista, aquele do "Hora de dormir, dormir; hora de comer, comer; hora de vadiar, vadiar; hora de trabalhar, pernas pro ar que ninguém é de ferro" também recebeu visita do APS. Só se esqueceu de dizer "hora de pedalar; pedalar". Depois dele, o precoce Chico Science, estava lá na Rua da Moeda, bem a caráter como criador do movimento manguebeat, uma mistura de ritmos e instrumentos. E lá se foi o APS atrás de Antônio Maria, o boêmio que escrevia canções dor-de-cotovelo, como "Ninguém me ama" interpretada por Maísa. Cardiopata, ele mesmo se denominava um cardisplicente de profissão esperança. Veja Ascenso, Chico e Antônio Maria (beijado por Maria), nas fotos abaixo.
Também visitado pelo APS, Joaquim Cardozo é, hoje,conhecido e aclamado pelos críticos, como um dos melhores poetas da língua portuguesa do século XX. Mas nem sempre foi assim. Tinha 50 anos quando publicou seu primeiro livro. Como temas prefridos, foi fiel ao Recife e ao Nordeste. Sua escultura em concreto polido está na Ponte Maurício de Nassau. Depois de Joaquim, o grupo passou por Carlos Pena Filho, na Praça do Diário, antes conhecida como Praça da Independência. À mesa, a estátua representa "O Chope", poema mais famoso "em que nos convida a um trago de reflexões". Seguindo caminho, o grupo chegou ao Pátio de São Pedro, onde está a escultura do poeta, cineasta e teatrólogo Solano Trindade. Interessante notar que a imagem está montada num tambor de maracatu, que serve de palco para recitais. Negro e pobre, Solano foi defensor de causas afro-americanas. No Largo do Sebo, bairro de Santo Antônio, encontra-se a figura de Mauro Mota. Embora advogado, preferiu se dedicar ao jornalismo. Na foto abaixo, veja os três citados neste parágrafo.


E, finalmente, o APS encerrou o passeio ciclístico passando por Capiba, nascido em Surubim e que adotou Recife como cidade para viver, onde permaneceu até a morte. Compositor de frevos, amou o Recife como poucos. Lourenço Barbosa, nome verdadeiro, levava o apelido de família - Capiba, que significa jumento, pequeno e emburrado. Da Rua do Sol, onde Capiba se mostra à cidade, o grupo seguiu para a Estação Central do Metrô. Ali, bem em frente, está a escultura do compositor de Asa Branca. Com uma sanfona, ao lado de um triângulo e uma zabumba, a estátua de Luiz Gonzaga homenageia o artista que primeiro e mais divulgou a música nordestina.

Do roteito programado, o APS não pôde cumprir a visita ao poeta Manuel Bandeira, na Rua da Aurora. Numa escultura composta por um portal, Bandeira está lendo o livro "Evocação". Leia o poema abaixo e, ao lado, veja as fotos de Capiba, Luiz Gonzaga e Edvaldo. Edvaldo é o artista múltiplo, pintor, escultor, poeta e, ainda por cima, ciclista do APS. Recebido pela simpatia da família, foi na casa do artista que o grupo concluiu o passeio.


Rua da União...


Como eram lindos os nomes das rua da minha infância
Rua do Sol (Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
... onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
... onde se ia pescar escondido
Capibaribe-Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro
alumbramento

Manuel Bandeira

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