terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RECIFE DAS PONTES

APS realiza passeio turístico

As pontes do Recife já tiveram seu lado romântico. Hoje, bem mais funcionais, estão espalhadas por todos os lados e bairros. Cantadas em prosa e verso, um dia, já não mais inspiram poetas. No entanto, guardam história e beleza. Uma história sufocada pelo passar do tempo e uma beleza escondida na falta de conservação, fatores que transformam as pontes em obras comuns. Neste próximo domingo, dia 13 de dezembro, tente esquecer o que lhe parece uma característica banal - a de apenas ligar um lado a outro. Observe-as com carinho e reconheça a importância que têm na vida da cidade, permitindo o livre trânsito de veículos e pedestres, eliminando distâncias, facilitando o comércio. Com um olhar mais atento, também dá pra perceber que a contradição está presente em todas, a dualidade do feio, do belo; do rico, do pobre; do artístico, do indígno. São muitos os seus aspectos, inclusive o de servirem de moradia a quem não tem onde ficar. Num de seus poemas, João Cabral de Melo Neto afirma "Conheço toda a gente que deságua nestes alagados. Não estão no alto de cais, vivem no nível de lama e água. Gente de olho perdido, olhando-me sempre passar como se eu fosse trem ou carro de viajar".

Entre modernas e tradicionais, 10 pontes estão inseridas no roteiro ciclístico de domingo. Construída sobre o Rio Beberibe, a Ponte do Limoeiro já foi de metal e servia a passagem de trens. Hoje, reconstruída em concreto, oferece uma das mais belas vistas de Recife. A Ponte Maurício de Nassau, por muito tempo, foi lembrada como a ponte do boi voador. É que para efeito de marketing de inauguração, em 1643, anunciaram que um boi ia voar. Muita gente correu pra ver. A verdade é que "era um boi de papel, cheio de palha, puxado por cordas de um lado a outro da ponte". Tem também a Buarque de Macedo, a mais extensa do Recife Antigo e que demorou mais de 10 anos pra ser concluída. A Giratória está no roteiro, sim. Só que a função de girar para atender as necessidades das embarcações já não existe mais. E, embora ainda chamada de Giratória, o nome correto é 12 de Setembro. E a Seis de Março? Garanto que você só a conhece como Ponte Velha. Acertei? E que linda que é com aqueles lampiões e postes de ferro fundido! Muito conhecida é a Ponte da Boa Vista, estrutura em ferro, liga as tradicionais ruas Nova e Imperatriz. Agora, diga, entre os da faixa dos 50 anos, quem nunca paquerou ali? Também estão no roteiro a Duarte Coelho (outrora metálica e plana, conhecida pelos carnavalescos como ponte do Galo), a Santa Izabel (que já foi de ferro e passou por duas reformas) e as dos bairros do Derby e Torre, respectivamente, Estácio Coimbra e Professor Barreto Campelo.


Obs: Foto do site panoramio.com, pesquisa em sites da internet e no livro Trilhas do Recife, de João Braga. Ah, veja só que interessante: o blog Daniel Bueno afirma que defronte à Ponte Giratória existia um aeroporto. Chamava-se Aeroporto de Santa Rita e era lá onde pousavam os hidroaviões, lá pelos idos de 1920. Mas o chique na época era viajar de navio. Oxente!

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