domingo, 8 de novembro de 2009

MESTRE NADO

Ciclista comprova que barro tem som

O melodioso som produzido pelo Mestre Nado de Olinda compensou o esforço que 80 ciclistas tiveram que enfrentar para chegar ao Centro Cultural Som do Barro. Não que o percurso tenha sido longo, apenas 23km, nem que as ladeiras tenham tornado o passeio cansativo. Mas o congestionamento entre veículos e pedestres nas feiras livres dos bairros dificultava o fluxo. A melhora só aconteceu na Estrada de Passarinho, perto do local a ser visitado. Muitos novatos, ausência de alguns veteranos, participação de amigos de outros grupos. Crianças acompanhadas dos pais, iniciando a prática ciclística. Apenas uma queda computada, sem qualquer consequência.


Mestre Nado é um artista. Ceramista e músico autodidata, começou cedo a moldar peças de barro quando descobriu que poderia extrair som se fizesse um buraquinho naqueles trabalhos. Aprimorada a técnica, passou a criar instrumentos musciais inspirados na natureza. Alguns na forma de peixe, tartaruga e animais conhecidos, outros totalmente estranhos (foto acima) mas capazes de deixar qualquer público admirado diante da pureza do som. Reconhecido internacionalmente e pouco conhecido pelo povo de sua própria terra, Mestre Nado hoje repassa sua técnica a crianças e jovens da comunidade de Caixa d´Água, em Olinda, através de um programa educativo que oferece perspectivas de construção de um futuro melhor. Com recursos do Fundo de Incentivo à Cultura do Governo do Estado, o Centro Cultural Som do Barro possibilita a profissionalização através da arte da música e da modelagem do barro. A comunidade beneficiada fica próxima ao Rio Beberibe e concentra famílias de baixa renda. Tem baixos índices de infraestrutura, como áreas verdes e de lazer, mas dispõe do belo trabalho de Mestre Nado que, sem qualquer vestígio de egoísmo, repassa suas técnicas musicais a futuras gerações de artistas. Espetáculo à parte foi dado por Sara, filha de Nado, que herdou a sensibilidade musical e o domínio técnico do pai e mestre. A aparência do instrumento deixa dúvida se aquilo é mesmo capaz de produzir alguma nota musical. Nas ágeis e finas mãos de Sara, o quase "monstrengo" (rissss) emociona o ouvinte.

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