quinta-feira, 7 de outubro de 2010

SOS PREGUIÇA

O bicho é muito zen

De longe, ilusão de ótica. O bicho no chão seco mais parecia um animalzinho atropelado. Cão ou gato, sei lá. Ainda mais porque, bem próximo, lá estava um carro parado e dois rapazes fotografando o corpo aparentemente inerte. Mera ilusão de ótica. Totalmente zen, atravessando a estrada de barro, a poeira rolava solta e ele nem aí! Naquela lentidão, como se as horas não tivessem qualquer importância, quanto tempo levaria pra chegar ao outro lado? O cara era paradão mesmo, andar de filme rodado em câmera lenta. Devagar, nem lhe passava pela cabeça a possibilidade de ser amassado por um daqueles poucos veículos, a toda velocidade, naquele fim de mundo. Eu hein, que criatura era aquela sem qualquer noção de perigo? Taí, um bom motivo pra reflexão - como se pode ser tão calmo e tranquilo, sem expectativa e ansiedade hoje em dia? Aos poucos, a figura que não se conseguia identificar àquela distância, foi tomando forma. Devagar assim... devagar assim...preguiçoso desse jeito só mesmo o bicho-preguiça.

Ah, ham, peguei você!
Ai, tá doido, é? Tá pensando o quê? Nãaaaao, meu filho, só quero tirar você daqui, vou deixar você naquele pé de embaúba pra você ficar mais tranquilo ainda, comendo folhas pro resto dos seus 50 anos de vida. Num é do que você mais gosta, comer folhas de embaúba, num é? Sei disso. Só não sabia que você era desdentado, pensei até que você fosse me morder. Olha, me disseram que você anda devagar por causa dos pelos. Como eles são muito grossos você evita agitação pra não suar. É verdade?

Cara, você é uma figura muito engraçada. Caminha quase parado, mas é rápido no uso das garras afiadas. De pelos duros da cor dos troncos das árvores brasileiras (foto abaixo), o corpo é estranho, embora ágil quando se sente ameaçado. Me lembra um contorcionista, é capaz de virar a cabeça num ângulo - me parece - de 180 graus só pra encarar seu maior predador - o homem. Não, eu não, nem pense isso de mim. Por favor, eu hein...Tô dizendo "o homem" de uma maneira geral.


Ai, você é tão bonitinho, parece que vive sorrindo. Mas me deu um susto danado, tão grande que quase desisto da experiência inédita de colocar um bicho-preguiça nos braços. Bem, não foi tão nos braços assim. Havia uma distância entre nós, claro, mas juro que não foi preconceito. Era você com medo de mim e eu com medo de você, principalmente quando você fez aquele som de chaleira fanhosa. Aquilo foi com a boca ou com o nariz, hein. me conta, vai, tô morrendo de curiosidade. "Visse" meu grito?

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